Nos manuais químicos dum laboratório
um Cloreto de Hidrogênio apaixonou-se
um dia
exotermicamente
por uma base.
Vislumbrou-a com seu olhar abrasivo
de uma reação reversível:
uma figura iônica;
olhos 2 molar, boca dativa,
corpo isobárico, seios em suspensão aquosa.
Fez da sua uma vida
à dela eletropositiva,
até que se encontraram
numa solução.
“Quem és tu?” —indagou ele
em precipitado.
“Sou filha de um Alcalino, e neta do Oxigênio.
Mas pode me chamar Hidroxila, de Sódio”.
E de falarem descobriram que eram
altamente reagentes.
E assim se amaram
num ciclo de oxi-redução
oxidando
ao léu da temperatura
e da pressão
metais, não-metais, semi-metais
por entre as colunas da Tabela Periódica.
Escandalizaram os ortodoxos
e desbancaram Lavoisier;
desmoralizaram Clayperon
e a relação de PVT.
Enfim resolveram atingir um equilíbrio,
constituir uma família,
uma família de gases nobres!
De nobreza nada tinham;
nem um tio Xenônio,
nem um primo Hélio...
Mas o produto que tiveram
foi mais venturoso
e providencial:
no bojo dum erlenmeyer
com rendimento cem por cento
nasceram
Água e Sal.
Marcos Satoru Kawanami
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